A fotografia na documentação pedagógica – Entre o documental e o subjetivo
- Ana Barbara

- 18 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de abr. de 2021

A fotografia é um tipo de documento, de registro, um tipo de comunicação, uma linguagem artística, uma galeria de anotações (se tomarmos como exemplo que, atualmente, quase não anotamos mais, nós tiramos fotos de recados, aulas, endereços, etc.), por fim, a fotografia tem uma natureza que permite muitas funções distintas, mas que também pode ser um pouco de cada uma ao mesmo tempo.
A ideia de que uma foto é a representação fiel da realidade é uma discussão já superada, ou pelo menos deveria ser, pois a leitura de uma foto depende do contexto em que foi feita, quem fez, como fez e se for uma foto jornalística, a legenda pode mudar todo o significado.
Quando nos colocamos atrás de uma câmera, somos nós nos expressando para o mundo. Isso é muito maior do que a ideia de registro. Estamos mostrando algo que vimos e ninguém mais viu, não importa quantas pessoas estavam com você, a fotografia é uma produção sua. Outra pessoa teria feito escolhas diferentes, é o ponto de vista dela.

Quando fotografamos, existe um estado de presença que é único. Você não fotografa apenas com a visão, você fotografa com toda a sua história de vida, seu repertório cultural, suas referências, seus gostos. O equipamento muda a foto também. Eu não fotografo do mesmo jeito com o celular e com a câmera, cada um me conduz a posicionar meu corpo de formas diferentes, os gestos mudam, o campo de visão muda.
Por todas essas razões, eu tenho grande atenção com o que eu fotografo e com as imagens que eu compartilho. Sou eu dizendo alguma coisa. Seja porque a fotografia tem uma mensagem de fato ou porque revela minha percepção estética.
Quando fotografo as crianças no cotidiano do CEI, costumo dizer que não fotografo “atividades” eu fotografo crianças vivendo uma experiência. Eu quero perceber seus movimentos, seus gestos e suas expressões. Tenho grande preocupação em fazer fotos que correspondam ás minhas concepções de infância e de educação. Fotografamos para narrar o percurso das crianças a partir de uma perspectiva que nos aproxima e distancia ao mesmo tempo. É uma documentação na qual experimentamos observar, mas também somos parte da experiência registrada.
Nós fotografamos para dar visibilidade ao percurso das crianças, apresenta-los para as famílias e para elas mesmas se verem em suas ações. Essas memórias são atravessadas pela subjetividade de quem as compõe.

Se nos preocupamos em nutrir nossa prática com bons estudos, se nos preocupamos com o protagonismo das crianças e com nosso próprio protagonismo, nos preocupamos com um ambiente bem pensado e organizado em favor da aprendizagem, a fotografia que acompanha toda essa concepção precisa estar alinhada a ela para uma documentação pedagógica que encante com todas as suas formas de expressão.






Olá... Que maravilha de trabalho!!!
Em relação a carta de intenções, gostaria de dizer que antes de ser institucionalizada é preciso que seja uma contrução necessária àquele grupo. Quando iniciamos esse processo em nosso CEI, essa não era uma prática da rede. Durante o processo formativo percebemos que a lógica de planejamento com a qual trabalhávamos necessitava de um tipo de registro o qual uma lógica de documento como os antigos planos anuais não mais cabiam. Foi daí que iniciamos com as escritas das cartas de intenções.
Uma lindeza, como sempre!
Estou amando o curso de Carta de Intenções! Uma pena que aqui no Rio não tenha esse tipo de registro, mas vamos ver se eu semeio essa ideia!
Bjo